quinta-feira, 8 de julho de 2010

E o bom e velho Mito da Caverna, de Platão


"Imagine um grupo de homens vivendo em uma caverna, com uma entrada de luz que se estende por todo o seu comprimento, na qual eles tenham vivido desde o nascimento, acorrentados pelo pescoço e pelas pernas de modo que só possam olhar para a frente. Imagine também um fogo ardendo acima e atrás destes prisioneiros, com uma estrada passando entre este fogo e a caverna, com uma mureta baixa em sua extensão, como aquela que os feiticeiros colocam na frente de suas platéias, sobre a qual são expostas suas maravilhas.
Imagine também pessoas caminhando atrás desta mureta, carregando toda sorte de estátuas de homens e animais, de vários materiais, além de outros artigos. Alguns transeuntes conversam enquanto passam, outros passam em silêncio.

Os prisioneiros se parecem conosco, eu afirmo. Deixe-me perguntar primeiro: estas pessoas confinadas poderiam ver qualquer outra coisa além das sombras projetadas pelo fogo? Certamente que não, já que suas cabeças estariam imobilizadas. Seu conhecimento sobre as coisas que passam não seria então igualmente limitado? Sem dúvida que sim. Se pudessem conversar uns com os outros, não dariam eles nomes aos objetos que passam? Certamente.

Estas pessoas entenderiam serem aquelas sombras a única realidade.

Agora vamos supor que um dos prisioneiros seja libertado e forçado a se levantar e caminhar em direção à luz. Em um primeiro momento, o esplendor da claridade não o deixaria discernir os objetos daqueles que costumava ver na escuridão. Se interrogado, não diria ele que as sombras ainda seriam mais reais que estes objetos que castigam seus olhos?

Mas aos poucos, ele poderia ir se acostumando àquele ambiente. No início veria sombras, depois o reflexo de homens nas águas, até que pudesse ver a realidade e mesmos os corpos celestes. Quando este homem se lembrasse de seus antigos companheiros na caverna, não sentiria ele pena de sua ignorância? Certamente.
Agora considere o que ocorreria se este homem voltasse à caverna. Ficaria novamente cego por causa da terrível escuridão. Ele teria que tatear no escuro, e os outros prisioneiros o tomariam como um tolo, ririam de sua cegueira e insensatez em sair da caverna apenas para ter sua visão destruída. Caso este homem tentasse convencer seus colegas a segui-lo para fora da caverna, certamente seria morto, caso os prisioneiros para isso tivessem o poder."

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